Como as cimenteiras aproveitam resíduos?

No Brasil, cerca de 13% da energia consumida em cimenteiras é proveniente da queima de combustíveis alternativos, que substituem os combustíveis fósseis.

Na cidade de Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), mais de 2 milhões de pneus são destruídos anualmente pela Lafarge. Se o combustível fóssil tivesse sido utilizado, 352 mil toneladas de dióxido de carbono (CO²) teriam sido emitidos na atmosfera.

Os pneus utilizados são triturados por uma empresa parceira. A cada hora são triturados 2 mil pneus, o que dá 10 toneladas.

O uso de pneus triturados pela Lafarge começou em 2004, em Matozinhos, e depois se estendeu para Arcos (2006) e Montes Claros (2012). Cerca de 20% da energia consumida em todas as fábricas da empresa no Brasil são provenientes de combustíveis alternativos.

Já a Votorantim Cimentos, que produz cimentos em Itaú de Minas, informou que utiliza o coprocessamento desde 1991.

Norma ambiental

Mas a situação poderia ser diferente, e as empresas poderiam utilizar o lixo doméstico para alimentar os fornos. Entretanto, em dezembro do ano passado, a legislação ambiental em Minas Gerais foi modificada, e proibiu a queima de lixo doméstico na produção de energia em indústrias. Permite, apenas, o coprocessamento.

Para o diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza (Abrelpe), Carlos Silva Filho, a mudança foi um retrocesso. “Em São Paulo há três cidades com processos de licenciamento ambiental para utilizar o resíduo sólido das cidades para gerar energia”, afirma, ressaltando que a queima não impede a reciclagem.

 

Sebo de boi e óleo de cozinha viram biodiesel

Não apenas produtos de origem vegetal ou industrial podem voltar à cadeia produtiva. A Petrobras está desenvolvendo pesquisas e produzindo biodiesel a partir de óleo de peixe, de óleo de cozinha e sebo de boi. O crescimento anual é da produção, segundo a empresa, é de 15% ao ano.

O Programa de Aquisição de Óleos e Gorduras Residuais (OGR) recolhe óleo de fritura usado nas cidades e, no meio rural, o sebo bovino. O programa começou em 2009 e já foram comprados mais de 800 mil litros do produto fornecido por cooperativas e associações de catadores em Montes Claros, Candeias (Bahia) e Quixadá (Ceará).

Na produção do óleo de vísceras de peixe já foram processadas 4,55 toneladas, desde o dia 29 de dezembro do ano passado. A projeção da empresa é que até o fim deste ano sejam compradas 130 toneladas dessa matéria-prima de cooperativas de pescadores da cidade de Jaguaribe, no Ceará.

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